sábado, 22 de agosto de 2009

Mudança

Eu não quero dar por nenhuma mudança.
Quero permanecer intacto, sem ter de me adaptar.
Não quero o novo, quero o antigo
Roda, gira, sem parar

Roda, gira e para
o retrato ganha uma alma que já não tem
Salta da moldura
espera a antiga alma, mas ela não vem

A mudança demora
Pode ser incerta, como o próximo instante
Ela vem, mas não acerta
Ah, se pudesse ser como era antes!

Sobre alfaites, costuras e remendos.

Eu nunca havia acreditado em trapaças da vida. Sempre tive a convicção de que quando queremos algo, o universo conspira pra dar certo. E ele realmente conspira, mas às vezes tenta fazer do jeito dele algo que deveria ser, por arbítrio, de outro jeito. Do meu jeito, do seu jeito. Do jeito que queríamos que fosse. E quando não o é, a mente fica inquieta tentando entender uma lógica que pudesse trazer qualquer explicação. A mente pensa, atrai, destrai. Procura perceber sinais, fazer comparações e inferências de acontecimentos isolados. Trazer à tona qualquer tipo de conectividade entre as partes. Dar um sentido; entender. Entender o porquê dos acidentes, o porquê das escolhas erradas, o porquê da ida de pessoas queridas e o porquê de tantas outras coisas que não tem porquê. As coisas acontecem e pronto. Legal seria compreender tudo pra poder consertar erros passados. Como num atelier de costura. Quando o alfaiate percebe qualquer falha em seu trabalho, ele entende e volta. Com uma boa agulhada, remenda as falhas da costura e pronto. Apaga-se o erro. Ele pode até saber que errou, que antes havia no tecido um buraco imenso, mas só ele vai saber. E, com o remendo sucessivo de outras falhas, esse buraco imenso passa despercebido até pelo próprio alfaiate. Contudo, nem todos somos alfaiates excepecionais e nem sempre temos as melhores agulhas. O tecido de alguns esburaca e fica lá, exposto pra todos. É por isso que o universo toma as rédeas e faz da maneira dele; direciona a gente pro não - entendimento mais nobre: a fé,de todos os jeitos.